E brincar é tão importante assim? SIM! É através das brincadeiras que as crianças aprendem muitas coisas, descobrem um mundo!

As brincadeiras
são um fenômeno universal e um direito das crianças. São atividades
espontâneas, gratificantes e divertidas que oferecem inúmeros benefícios:
- Educativos: as
brincadeiras ajudam as crianças a desenvolver as habilidades que são as base do
aprendizado da leitura, da escrita e das matemáticas.
- Sociais: as
brincadeiras oferecem oportunidades de socialização com os pares da mesma
idade, de aprender a entender os outros, de se comunicar e de negociar.
- Cognitivas: as
brincadeiras encorajam as crianças a aprender, a imaginar, a categorizar e a
resolver problemas.
- Terapêuticas:
as brincadeiras permitem às crianças se expressar sobre os aspectos
perturbadores de seu cotidiano como os fatores de estresse, os traumatismos, os
conflitos familiares e outros dilemas.
Nossas crianças
vivem em uma época de horários carregados, onde as expectativas em relação ao
seu desempenho são elevadas. Deveríamos nos assegurar de lhes dar o tempo e o
espaço necessários para descobrir as alegrias e os benefícios das brincadeiras
livres.
Diversos estudos
concordam com a convicção de Piaget: “brincar é o trabalho da infância”. As
crianças investem entre 3% a 20% do seu tempo e de sua energia em
brincadeiras e, após um período em que foram privadas da oportunidade de
brincar, o tempo destinado a essa atividade aumenta. O brincar está associado
aos meios não aos fins – ou seja, o processo do brincar é mais importante do
que criar um objetivo. O brincar também é prazeroso.
Os pesquisadores
identificaram vários subtipos do brincar – locomotor, social, com
objetos, linguístico, simulado e o brincar sócio dramático – e seus respectivos
benefícios. Durante os anos pré-escolares, o brincar oferece oportunidades para
as crianças desenvolverem competências acadêmicas e sociais, preparando-as
para as exigências da escola e do mundo externo.
Na verdade, por
intermédio do brincar as crianças aprendem várias habilidades que
contribuirão para o seu sucesso na vida: 1) colaboração (trabalho em equipe);
2) conteúdo (matemática, ciência); 3) comunicação (oral e escrita); 4)
criatividade, e 5) confiança. Brincar confere às crianças habilidades fora da
sala de aula, à medida que desenvolvem habilidades para a vida.
Promoção de
competências acadêmicas
Um número
crescente de evidências sugere que o brincar proporciona às crianças um
contexto adequado para aprender e aprimorar suas habilidades de
alfabetização, o que decorre de processos cognitivos – solução de problemas,
imagens e categorização – incorporados em situações lúdicas. Crianças
envolvidas em brincadeiras sócio dramáticas têm melhores condições
para compreender narrativas em livros de histórias, em parte devido às suas
experiências anteriores de compreensão das intenções alheias e à imitação de
diferentes personagens, em parte devido à exposição regular à linguagem
sofisticada.
Períodos de
brincar livre e de brincar dirigido também estão associados ao desenvolvimento
de habilidades de funções executivas – ou seja, habilidades
relacionadas à resolução de problemas, atenção e inibição. Isso explica por que
crianças que brincam regularmente tendem a apresentar melhor desempenho em
matemática e leitura do que aquelas que não têm a oportunidade de brincar.
Promoção de
habilidades sociais
Outros estudos
demonstram que o brincar contribui para o desenvolvimento de competências
sociais, ajudando a criança a:
- controlar suas
emoções;
- aprender
comportamentos adequados em função do contexto social;
- esperar sua
vez quando estiverem em grupo;
- negociar e
compreender os pontos de vista alheios – por exemplo, negociar os papéis
durante a brincadeira "você será a mãe, e eu vou ser a filha"; e
- lidar com a
angústia.
Todas essas
habilidades contribuem para competências sociais, tais como fazer amigos e a
aumentar o sucesso escolar inicial da criança.
Quando o brincar
está associado ao desenvolvimento acadêmico e social das crianças, educadores e
pais devem ser incentivados a criar ambientes para o brincar, estimulando e
favorecendo a aprendizagem da criança. Dependendo do tipo do brincar, os
pesquisadores recomendam oferecer à criança brinquedos para melhorar:
- habilidades
físicas e de coordenação motora (por exemplo, desafiando as estruturas de
escalada);
- criatividade (por
exemplo, blocos de construção, tinta, massinha);
- habilidades
matemáticas (por exemplo, jogos de tabuleiro como o "Chutes and
Ladders" – estimativas, contagem e identificação numeral);
- habilidades
linguísticas e de leitura (por exemplo, letras de plástico, jogos de rima,
listas de compras, livros de histórias de dormir, brinquedos para
faz-de-conta).
Outras recomendações foram sugeridas a fim de reforçar
as habilidades de alfabetização da criança. Os pesquisadores sugerem
que a criação de contextos enriquecidos por fatores de alfabetização, como um
“restaurante real” com mesas, menus, crachás, lápis e blocos de notas, são
eficazes para aumentar o potencial da criança no desenvolvimento inicial da
alfabetização. Educadores são também encorajados a adotar uma abordagem
centrada na criança que objetive não apenas o processo de alfabetização,
mas também a criatividade infantil, imaginação, persistência e atitudes
positivas em relação à leitura. Professores e educadores também devem fazer um
paralelo entre o que pode ser aprendido a partir de atividades lúdicas e a
partir do currículo acadêmico para que a criança compreenda que o
brincar lhe permite praticar e reforçar o que é aprendido em sala de aula.
Entretanto, educadores devem assegurar que um currículo baseado
na ludicidade e em brincadeiras inclui atividades que são percebidas
como interessantes e prazerosas pelas crianças mais do que apenas pelos seus
professores. Por último, a maioria dos especialistas concorda
que abordagem equilibrada consiste em favorecer períodos alternados
entre brincar livre e brincar estruturado/dirigido.
Referências:
Disponível em: http://www.enciclopedia-crianca.com/brincar/sintese
Acesso em 20 de abril de 2017
Foto: Colégio
Web