Continuando a falar sobre a gravidez, e sobre os cuidados com a mãe, essa publicação fala bem sobre o estresse durante esse período e o quanto é perigoso para a mãe e para a criança.
De forma geral, o
estresse durante a gravidez é associado a um risco maior de repercussões
negativas na criança. Esse tema propõe entender melhor os efeitos possíveis do estresse
materno na mãe, no feto e no desenvolvimento da criança.
Como o estresse afeta as
mulheres grávidas e as novas mães?
O estresse pode ter uma intensidade variável, desde o estresse leve até a angústia, a ansiedade e a depressão. Ele pode ser causado por fatores tão pequenos como as inquietações cotidianas ou tão graves como as relações disfuncionais ou a adversidade.
Mais de um quarto das mulheres em
idade de procriar relatam sentir um estresse elevado no dia a dia. Isso pode se
tornar um problema de saúde para as mulheres grávidas, pois aquelas que
trabalham em um ambiente estressante ou com muito ruído são 70% mais propensas
a ter um parto prematuro.
A vida moderna pode ser estressante. É
preciso identificar os meios de ajudar as mulheres grávidas e as novas mães a
administrar seu estresse, pois isso pode melhorar sua saúde e, em última
análise, a saúde de seus filhos.
O estresse pode ser
definido como uma condição mental ou emocionalmente disruptiva ou perturbadora,
que acontece em resposta a influências externas adversas.1 O estresse
vivido por uma mulher durante a gravidez pode ter impacto sobre seu
funcionamento físico e emocional.
Das mulheres canadenses
entre 18 e 34 anos (mulheres em idade reprodutiva), 27,7% são submetidas
diariamente a condições de estresse intenso, contra 23,9% dos homens
equiparáveis.2
O trabalho durante a
gravidez pode ter influência sobre o nível de estresse (auto-avaliado ou
avaliado objetivamente). Nos Estados Unidos e no Canadá, a maioria dos homens e
das mulheres exerce uma atividade profissional no momento do nascimento do seu
primeiro filho; e cerca de 60% das mulheres com um filho de menos de 3 anos de
idade estão empregadas.3
Atualmente, a pesquisa
apoia a conclusão preliminar segundo a qual existe uma relação causal entre o
estresse pré-natal e resultados de desenvolvimento de seres humanos e de
primatas não humanos. A prova mais concludente foi produzida por estudos sobre
os animais, principalmente roedores (ratos e camundongos) e primatas não
humanos (macacos e antropoides), nos quais o estresse pré-natal pode ser
manipulado de modo experimental.
o
Mulheres grávidas que declaram altos níveis de estresse correm
um risco duas vezes maior de parto prematuro e de atraso no desenvolvimento
fetal em comparação com mulheres que relatam baixo nível de
estresse.
o
O estresse e a ansiedade da
mãe estão associados a complicações na gravidez, partos prematuros e baixo peso
ao nascer.
o
O estresse materno é associado à redução da atenção precoce e da maturidade motora,
aprendizagem mais lenta e deficiências na regulação da emoção na
prole.
o
Os efeitos do estresse não se manifestam em função apenas da
exposição a circunstâncias potencialmente estressantes, mas também da avaliação
individual, que, por sua vez, pode ser modulada por outros fatores, como
tabagismo, consumo de álcool e envolvimento em outras atividades relacionadas
ao estresse.
o
Há evidências de que bebês do sexo masculino são mais
vulneráveis ao estresse pré-natal do que bebês do sexo feminino.
o
Aparentemente, os efeitos do estresse materno durante a gravidez
atingem o auge no início da gestação, e diminuem gradualmente entre o meio e o
fim do período de gestação.
Devem ser estabelecidas intervenções para reduzir o estresse, a
ansiedade ou a depressão, conforme o caso, levando em conta a necessidade de
desenvolver muitas novas pesquisas para avaliar qual intervenção é mais eficaz,
e em que circunstâncias. Programas baseados na comunidade que sejam
sensíveis às diferentes necessidades e preocupações dos novos pais podem lhes
oferecer informações e apoio no planejamento para seu retorno ao trabalho, e
examinar as opções de que dispõem em relação aos cuidados com a criança. As
implicações do estresse pós-natal podem ter consequências mais importantes do
que os efeitos biológicos do estresse pré-natal. No entanto, o apoio às
famílias deve cobrir igualmente os dois períodos.
Sabe-se que a maioria
(80%) das mulheres que sofrem de estresse durante a gravidez tem parto
saudável. No entanto, outras pesquisas são necessárias para determinar o que
aumenta o risco de resultados adversos para algumas mulheres e seus bebês. São
necessários estudos complementares para compreender:
o
o papel e o impacto das diferentes estratégias para lidar com o
estresse;
o
a relevância da gravidade do estresse;
o
o impacto relativo de um estresse crônico versus um período estressante eventual;
o
a importância do momento em que os eventos estressantes
acontecem; e
o
o efeito dos múltiplos fatores de risco – para entender melhor
os mecanismos biológicos e comportamentais que intervêm nos efeitos do estresse
materno.
É preciso estabelecer
definições e medidas precisas do estresse psicológico para apoiar a coerência
metodológica e o rigor científico da pesquisa.
Atualmente, há grande
interesse nos efeitos que as políticas de licença-maternidade e a duração desse
período exercem sobre a saúde física e mental da mãe e o desenvolvimento da
criança.
Também são necessárias
novas pesquisas sobre fatores relacionados ao tipo de emprego da mãe ou a
duração da licença-maternidade como, por exemplo, sexo da criança, estrutura
familiar, nível de instrução dos pais e disponibilidade de serviços de cuidados
infantis de qualidade. Tendo em vista que políticas, por si só, não podem impor
mudanças culturais, as pesquisas devem analisar as licenças-maternidade e
paternidade em relação às necessidades da sociedade – desenvolvimento da
criança, crescimento da população, necessidades ligadas à carreira.
Políticas e medidas
legislativas podem ser elaboradas para dar às mulheres mais opções sobre quando
e como trabalhar durante a gravidez. Em países que garantem licença-maternidade
e opções de cuidados infantis, recursos públicos podem ser destinados a
pesquisas para analisar os cuidados prestados à criança em casa e em creches, e
seus benefícios, tanto para os pais como para as crianças. Os pesquisadores
devem observar com mais atenção o impacto de licenças parentais sobre as
crianças e seu desenvolvimento. Nos dias de hoje, é evidente que esses serviços
deveriam ser oferecidos em todos os países industrializados.
Referências
1. Selye
H. Stress without distress. London, England:
Hodder and Stoughton; 1974.
2. Statistics
Canada. Health indicators. Life stress. Available at: http://www.statcan.ca/english/freepub/82-221-XIE/2004002/nonmed/personal....
Accessed February 23, 2011.
3. Normand
J, Lindsay C, Chard J, Besserer S, Pottie Bunge V, Tait H, Almey M, Zukewich N. Women in Canada 2000: a gender-based statistical report.
Ottawa, Ontario: Statistics Canada; 2000. Cat. No. 89-503-XPE.
Referências
Disponível em: <http://www.enciclopedia-crianca.com/estresse-e-gravidez-pre-natal-e-perinatal> Acesso em 20 de abril de 2017
Disponível em: <http://www.enciclopedia-crianca.com/estresse-e-gravidez-pre-natal-e-perinatal/segundo-especialistas> Acesso em 20 de abril de 2017